segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Árvore da mata ciliar no combate à febre

As substâncias capazes de combater a febre, em geral, agem também contra dores e inflamações. Por isso, ao investigar o baguaçu como antipirético, uma equipe de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já aproveitou para testar a atividade analgésica e antinflamatória. E não é que deu certo?
O baguaçu é uma árvore de brejo e mata ciliar, com 10 a 20 metros de altura, tronco reto e copa farta. As flores são grandes, branco-amareladas, polinizadas por besouros. Os frutos são verdes por fora e racham ao amadurecer, expondo bagas vermelhas muito atraentes para as aves.

O nome científico da espécie mudou recentemente de Talauma ovata para Magnolia ovata. Já os nomes comuns variam entre o genérico araticum – usado para diversas espécies – e avaguaçu, bucuibaçu, campina, canela-do-brejo ou pinha-do-brejo. Originalmente, distribuía-se de Goiás até o Rio Grande do Sul, tanto nas terras inundáveis de Cerrado como nas de Mata Atlântica. Mas sua madeira macia, fácil de trabalhar, quase exterminou a espécie em algumas regiões, devido ao corte para uso em caixotaria e devido à ocupação do ambiente onde ela cresce.

“Eu mesma tive dificuldades de encontrar árvores aqui no Paraná para a pesquisa”, conta a química Maria Élida Stefanello, da UFPR. Ela trabalha em parceria com os pesquisadores da UFPR, Aleksander Roberto Zampronio e Cândida Leite Kassuya, além de Marcos José Salvador, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Eles partiram do uso tradicional da casca da árvore contra a febre e fizeram a identificação de diversas substâncias ativas, contando com recursos da própria instituição e, no último ano, de uma parceria com a Fundação Araucária.

“É curioso notar que existem substâncias muito diferentes na casca e nas folhas, por exemplo”, prossegue Élida. E os baguaçus do Cerrado também têm substâncias diversas daqueles da Mata Atlântica, embora a espécie seja a mesma, o que cientificamente é conhecido como quimiotipo.
O extrato da casca de baguaçu foi fracionado e a equipe agora desenvolve estudos paralelos com as várias frações. “Os alcalóides de M. ovata têm potencial para gerar um analgésico bem diferenciado, enquanto as lactonas sesquiterpênicas são mais promissoras como antipiréticas”, explica a pesquisadora. Os compostos das folhas, por outro lado, demonstraram ação antitumoral e também são avaliados separadamente na UFPR.

Para a equipe, as lactonas são as substâncias mais atraentes para um futuro desenvolvimento de produto comercial, embora ainda precisem passar por testes de toxicidade e testes clínicos. Por enquanto apenas alguns ensaios com camundongos e ratos foram realizados. Porém pode-se perceber que sua ação contra a febre é bastante forte mesmo quando usadas pequenas quantidades.

Isso, de certa forma, pode favorecer o uso do produto natural sem promover depredação. Os pedaços de cascas ainda podem ser retirados de galhos, não é preciso explorar apenas o tronco. De qualquer modo, segundo Maria Élida Stefanello, “o baguaçu pode ser plantado, podemos recorrer ao cultivo de células e a novas formas de extração”. A pesquisa sobre os usos da árvore, no seu entender, devem se completar com o trabalho agronômico, de forma a garantir a extração sustentável dos compostos de interesse.

“Esta é uma espécie muito importante para as aves, que consomem seus frutos, e por isso está nas listas de reflorestamentos de matas ciliares, sobretudo na região Sul”, acrescenta a química da UFPR. Os botânicos ainda destacariam o fato de esta ser a única espécie nativa da família das magnólias, ainda encontrada no Brasil. Havia três outras do mesmo gênero, registradas no Século XVIII, mas não se tem mais notícia delas. Restou apenas o baguaçu e, mesmo assim, sob pressão.

Talvez a recomposição das matas ciliares – mais que necessária para a qualidade da água, controle de erosão e numerosos outros motivos – deva começar justamente por esta espécie capaz de mandar a febre, as dores, as inflamações e alguns tumores para o brejo…

Fonte: Blog Biodiversa - Planeta Sustentável

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Insituto Baleia Jubarte premiado pela proteção da biodiversidade dos mares

O Instituto Baleia Jubarte (IBJ) inicia o mês de outubro com motivos para comemorar. Isso porque nesta quinta-feira, 6 de outubro, a ONG será prestigiada com o Prêmio Muriqui, na 2ª edição do Fórum de Cooperação Internacional do Estado de São Paulo. A presidente do Instituto, Márcia Engel, vai ao evento para receber a estatueta de bronze que representa uma das mais importantes homenagens às ações ambientais de todo o Brasil. “O reconhecimento é prova de que estamos no caminho certo, conquistando cada vez mais espaço à nossa causa, de conservar as baleias jubarte, sensibilizando a sociedade para o tema que reflete também o cuidado com a biodiversidade marinha”, afirma Márcia. Ela preside uma das instituições mais conhecidas quando o assunto é pesquisa, educação ambiental e políticas públicas relativas à conservação das baleias jubarte, assíduas frequentadoras do litoral brasileiro, principalmente baiano e capixaba.
 
O Prêmio Muriqui tem a finalidade de incentivar ações que contribuam para a conservação da biodiversidade, para o fomento e divulgação dos conhecimentos tradicional e científico e para a promoção do desenvolvimento sustentável na área da Mata Atlântica. O Prêmio, criado em 1993, é uma iniciativa do Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CN-RBMA). Excepcionalmente, em virtude das comemorações dos 20 anos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em 2011 o Prêmio Muriqui será entregue a duas instituições e duas pessoas físicas, além de um prêmio especial e duas premiações “in memorian”.

O Instituto Baleia Jubarte

O Instituto Baleia Jubarte (IBJ) tem como missão atuar ativamente em pesquisa científica, apoiar políticas públicas de conservação e contribuir para o desenvolvimento humano, a partir de valores como sustentabilidade, ética, transparência e eficiência. Para isso, um dos carros-chefes é o Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.

Em paralelo ao trabalho de pesquisa, que é desenvolvido em suas duas sedes (Praia do Forte, litoral norte da Bahia – onde se localiza o Centro de Visitantes – e Caravelas, extremo sul baiano), o Instituto investe também em Educação Ambiental e no Turismo de Observação de Baleias, sendo referência global na preservação do meio ambiente marinho, especialmente das baleias jubartes (Megaptera novaeangliae) e dos botos cinza (Sotalia guianensis). Saiba mais: www.baleiajubarte.org.br

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Mata Atlântica, a floresta que nos une" em exposição fotográfica

De 03 a 09 de outubro, São Paulo conhecerá um pouco mais de um dos principais domínios biogeográficos brasileiros, a Mata Atlântica. Retratada em lindas fotos pelo fotógrafo por Adriano Gambarini, a exposição "Mata Atlântica, a floresta que nos une", é composta por imagens registradas durante expedições do WWF-Brasil, ao longo de 15 anos, em diversas regiões que compõem a Mata Atlântica brasileira.


O visitante terá a oportunidade de vivenciar a floresta e também de contribuir para as ações do WWF-Brasil por meio da compra das imagens expostas. A doação será 100% revertida para as ações de conservação da natureza executadas pelo WWF Brasil.

"Quando entro numa floresta, antes da busca pelo animal raro ou pelas árvores entremeadas com uma luz incondicional, me entrego ao que considero o mais importante na vida: o sensorial. Temos que vivenciar a essência em toda sua magnitude, num constante aprendizado. Fotografar e compreender o que vejo é apenas a experimentação dessa busca pelo conhecimento, através das sensações." Adriano Gambarini.


Serviço:


Exposição "Mata Atlântica, a floresta que nos une"

Local: Hotel Intercontinental- Alameda Santos, 1123 - São Paulo / SP

Quando: de 03 a 09 de outubro

Entrada franca.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CI e Museu Emílio Goeldi lançam Prêmio para Escolas

Um convite para ver o mundo como sala de aula e a biodiversidade amazônica como tema a ser descoberto no cotidiano. A proposta já tem alguns anos, mas a cada edição, o Prêmio José Márcio Ayres para Jovens Naturalistas (PJMA) conquista mentes em formação para olhar mais atentamente a natureza na Amazônia. No dia 16 de setembro de 2011, o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) e a Conservação Internacional (CI - Brasil) lançam a 5ª edição do Prêmio Márcio Ayres, que passa a contar com o apoio da Escola de Biodiversidade Amazônica (EBIO), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia.
A partir do lançamento começa a contagem regressiva para que os estudantes do Ensino Fundamental e Médio, de escolas públicas e particulares, realizem trabalhos científicos sobre a fauna e a flora dos municípios paraenses. Serão premiados os três melhores trabalhos em duas categorias - Ensino Fundamental e Ensino Médio. Nesta edição, vencedores receberão como prêmios: notebook (primeiro lugar), máquina fotográfica digital (segundo lugar) e bicicleta (terceiro). Além dos estudantes, também são premiados os professores orientadores (notebook) e as escolas com melhores desempenhos (kit de publicações). A coordenação executiva do Prêmio é formada pela educadora Filomena Secco (MPEG), a jornalista Joice Santos (MPEG/EBIO) e a educadora Maria de Jesus Fonseca (UEPA/EBIO).

A cada edição, o concurso amplia a rede de escolas e alunos contagiados com a ciência e a biodiversidade. Nos anos anteriores, a equipe do Prêmio, em parceria com pesquisadores do Museu Goeldi, percorreram 12 municípios, capacitaram 180 professores e premiaram cerca de 30 estudantes. Até o próximo ano, este número deve aumentar. O PJMA conta com o apoio da Secretaria de Educação do Estado do Pará (SEDUC/PA), e vai buscar o envolvimento das secretarias municipais de Educação, para divulgar o concurso e as atividades promovidas pela equipe direcionada a estudantes e professores.

Filomena Secco ressalta que o Prêmio Márcio Ayres não se limita a inscrição, apuração do resultado e premiação: “Existe todo um processo de mobilização, de atividades educativas, de difusão, que favorece a aproximação entre a ciência e a comunidade escolar”. Segundo Joice Santos, o objetivo do Prêmio é estimular a iniciação científica dentro da escola: “A escola não deve ser apenas um lugar onde se aprende a repetir o que nos dizem ano após ano. A escola é um lugar de acúmulo de conhecimento, de construção desse conhecimento e também de possibilidade de transformação da sociedade”.

Nesta edição, a parceria com a Escola da Biodiversidade Amazônica – EBIO, intensifica a realização de atividades que possibilitam a vivência e a aprendizagem acerca da biodiversidade. “A educação sai de uma perspectiva fechada do ambiente escolar e perpassa a realidade do sujeito”, analisa Maria de Jesus Fonseca, cuja tese de doutorado deu subsídios para a criação do concurso.

Para mostrar a importância da biodiversidade amazônica e instigar o interesse pela ciência entre alunos e professores, uma das estratégias de ação é a realização de atividades educativas e pedagógicas que reúnam a comunidade escolar, a família e os pesquisadores. Até o final do ano, serão realizadas rodadas de palestras, oficinas e trilhas no Museu Goeldi todos os meses com o intuito de promover o diálogo e a reflexão crítica acerca da construção do conhecimento. Além disso, em dezembro, acontecerá a Pororoca da Biodiversidade e a Expofoto da EBIO.

“Vivemos em uma região em que o conhecimento da biodiversidade é muito pequeno ainda. Temos uma vasta campanha pra fazer de descobrimento do que existe nessa floresta que nos envolve”, defende Nilson Gabas Jr, Diretor do Museu Goeldi. A diretora do Programa Amazônia da Conservação Internacional, Patrícia Baião, completa o pensamento de Gabas Jr. explicando que levar a educação ambiental para dentro das escolas é fundamental para a conservação da biodiversidade da região. “É importante os jovens terem consciência do que a Amazônia representa para o Brasil e para o mundo inteiro; quais os serviços prestados, e como eles podem contribuir nesse processo de conservação da natureza, do meio ambiente, das florestas”, afirma Patricia.

PJMA 2.0 – A grande novidade desta edição são os suportes online do Prêmio, onde professores, alunos e familiares podem tirar dúvidas sobre práticas de ensino e consultar os materiais de apoio sobre biodiversidade amazônica. Trata-se de uma forma de divulgar o Prêmio, disseminar o assunto abordado e servir de apoio para as escolas. Para a coordenação do Prêmio, os recursos disponíveis na web permitem compartilhar experiências e estimular a produção coletiva de recursos pedagógicos.

O material multimídia - a produção de conteúdo em áudio, vídeo, texto e foto - será produzido pela equipe do projeto Labcom Móvel – Estudos e Práticas de Comunicação Pública da Amazônia, do Serviço de Comunicação Social do Museu Goeldi. O financiamento do material é do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O conteúdo didático é desenvolvido em parceria com o Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (Necaps), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e ficará disponível no site do PJMA e nos blogs do Labcom e da EBIO. O Labcom Móvel/MPEG e o Grupo de Sociobiodiversidade do Necaps/UEPA fazem parte da coordenação da Escola da Biodiversidade Amazônica.

A equipe do Móvel será responsável por divulgar, registrar e transmitir as atividades relacionadas ao PJMA, principalmente para as escolas que não puderem acompanhá-las presencialmente. Já o Necaps desenvolverá materiais educativos para dar suporte, à distância, na prática pedagógica. Porém, é importante destacar que os blogs serão espaços de construção mútua, onde todos – alunos, professores, escolas – podem e devem contribuir relatando suas experiências.

Entre as produções para web do Prêmio, estréia no dia 16 de setembro o episódio piloto da websérie “Naturalistas do século XXI”, a primeira do gênero voltado para a divulgação científica. Em nove episódios, a websérie conta a história da premiação e de alguns dos jovens vencedores do concurso.

Inscrições – Os alunos podem se inscrever a partir do dia 16 de setembro de 2011 até o dia 20 de agosto de 2012 no Serviço de Educação do Museu Goeldi, enviando seus estudos através dos Correios. Estudantes do Ensino Fundamental podem fazer pesquisas em equipe (dois membros), já os trabalhos de investigação do Ensino Médio são individuais. Todos os trabalhos devem ser orientados por professores da escola em que os alunos estão matriculados e abordar o tema “biodiversidade amazônica”. A seleção das melhores pesquisas é realizada em duas etapas – seleção dos trabalhos escritos e apresentação oral. O resultado final será anunciado dia 6 de outubro de 2012. Visite o site http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/ e conheça todos os detalhes do Prêmio.

História do PJMA – O PJMA foi lançado em 2003, uma parceria do Museu Goeldi e da Conservação Internacional, como uma estratégia de divulgação científica do projeto Biota Pará. A meta é estimular jovens em idade escolar a pesquisarem e valorizarem a biodiversidade. Em quatro edições, vários estudantes de escolas públicas e particulares foram premiados e trouxeram contribuições para o estudo da biodiversidade amazônica, inclusive novos registros de ocorrência de espécies. Em 2012, será lançado um livro que conta esta trajetória e que terá também formato e-book.