segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Árvore da mata ciliar no combate à febre

As substâncias capazes de combater a febre, em geral, agem também contra dores e inflamações. Por isso, ao investigar o baguaçu como antipirético, uma equipe de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já aproveitou para testar a atividade analgésica e antinflamatória. E não é que deu certo?
O baguaçu é uma árvore de brejo e mata ciliar, com 10 a 20 metros de altura, tronco reto e copa farta. As flores são grandes, branco-amareladas, polinizadas por besouros. Os frutos são verdes por fora e racham ao amadurecer, expondo bagas vermelhas muito atraentes para as aves.

O nome científico da espécie mudou recentemente de Talauma ovata para Magnolia ovata. Já os nomes comuns variam entre o genérico araticum – usado para diversas espécies – e avaguaçu, bucuibaçu, campina, canela-do-brejo ou pinha-do-brejo. Originalmente, distribuía-se de Goiás até o Rio Grande do Sul, tanto nas terras inundáveis de Cerrado como nas de Mata Atlântica. Mas sua madeira macia, fácil de trabalhar, quase exterminou a espécie em algumas regiões, devido ao corte para uso em caixotaria e devido à ocupação do ambiente onde ela cresce.

“Eu mesma tive dificuldades de encontrar árvores aqui no Paraná para a pesquisa”, conta a química Maria Élida Stefanello, da UFPR. Ela trabalha em parceria com os pesquisadores da UFPR, Aleksander Roberto Zampronio e Cândida Leite Kassuya, além de Marcos José Salvador, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Eles partiram do uso tradicional da casca da árvore contra a febre e fizeram a identificação de diversas substâncias ativas, contando com recursos da própria instituição e, no último ano, de uma parceria com a Fundação Araucária.

“É curioso notar que existem substâncias muito diferentes na casca e nas folhas, por exemplo”, prossegue Élida. E os baguaçus do Cerrado também têm substâncias diversas daqueles da Mata Atlântica, embora a espécie seja a mesma, o que cientificamente é conhecido como quimiotipo.
O extrato da casca de baguaçu foi fracionado e a equipe agora desenvolve estudos paralelos com as várias frações. “Os alcalóides de M. ovata têm potencial para gerar um analgésico bem diferenciado, enquanto as lactonas sesquiterpênicas são mais promissoras como antipiréticas”, explica a pesquisadora. Os compostos das folhas, por outro lado, demonstraram ação antitumoral e também são avaliados separadamente na UFPR.

Para a equipe, as lactonas são as substâncias mais atraentes para um futuro desenvolvimento de produto comercial, embora ainda precisem passar por testes de toxicidade e testes clínicos. Por enquanto apenas alguns ensaios com camundongos e ratos foram realizados. Porém pode-se perceber que sua ação contra a febre é bastante forte mesmo quando usadas pequenas quantidades.

Isso, de certa forma, pode favorecer o uso do produto natural sem promover depredação. Os pedaços de cascas ainda podem ser retirados de galhos, não é preciso explorar apenas o tronco. De qualquer modo, segundo Maria Élida Stefanello, “o baguaçu pode ser plantado, podemos recorrer ao cultivo de células e a novas formas de extração”. A pesquisa sobre os usos da árvore, no seu entender, devem se completar com o trabalho agronômico, de forma a garantir a extração sustentável dos compostos de interesse.

“Esta é uma espécie muito importante para as aves, que consomem seus frutos, e por isso está nas listas de reflorestamentos de matas ciliares, sobretudo na região Sul”, acrescenta a química da UFPR. Os botânicos ainda destacariam o fato de esta ser a única espécie nativa da família das magnólias, ainda encontrada no Brasil. Havia três outras do mesmo gênero, registradas no Século XVIII, mas não se tem mais notícia delas. Restou apenas o baguaçu e, mesmo assim, sob pressão.

Talvez a recomposição das matas ciliares – mais que necessária para a qualidade da água, controle de erosão e numerosos outros motivos – deva começar justamente por esta espécie capaz de mandar a febre, as dores, as inflamações e alguns tumores para o brejo…

Fonte: Blog Biodiversa - Planeta Sustentável

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Insituto Baleia Jubarte premiado pela proteção da biodiversidade dos mares

O Instituto Baleia Jubarte (IBJ) inicia o mês de outubro com motivos para comemorar. Isso porque nesta quinta-feira, 6 de outubro, a ONG será prestigiada com o Prêmio Muriqui, na 2ª edição do Fórum de Cooperação Internacional do Estado de São Paulo. A presidente do Instituto, Márcia Engel, vai ao evento para receber a estatueta de bronze que representa uma das mais importantes homenagens às ações ambientais de todo o Brasil. “O reconhecimento é prova de que estamos no caminho certo, conquistando cada vez mais espaço à nossa causa, de conservar as baleias jubarte, sensibilizando a sociedade para o tema que reflete também o cuidado com a biodiversidade marinha”, afirma Márcia. Ela preside uma das instituições mais conhecidas quando o assunto é pesquisa, educação ambiental e políticas públicas relativas à conservação das baleias jubarte, assíduas frequentadoras do litoral brasileiro, principalmente baiano e capixaba.
 
O Prêmio Muriqui tem a finalidade de incentivar ações que contribuam para a conservação da biodiversidade, para o fomento e divulgação dos conhecimentos tradicional e científico e para a promoção do desenvolvimento sustentável na área da Mata Atlântica. O Prêmio, criado em 1993, é uma iniciativa do Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (CN-RBMA). Excepcionalmente, em virtude das comemorações dos 20 anos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, em 2011 o Prêmio Muriqui será entregue a duas instituições e duas pessoas físicas, além de um prêmio especial e duas premiações “in memorian”.

O Instituto Baleia Jubarte

O Instituto Baleia Jubarte (IBJ) tem como missão atuar ativamente em pesquisa científica, apoiar políticas públicas de conservação e contribuir para o desenvolvimento humano, a partir de valores como sustentabilidade, ética, transparência e eficiência. Para isso, um dos carros-chefes é o Projeto Baleia Jubarte, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental.

Em paralelo ao trabalho de pesquisa, que é desenvolvido em suas duas sedes (Praia do Forte, litoral norte da Bahia – onde se localiza o Centro de Visitantes – e Caravelas, extremo sul baiano), o Instituto investe também em Educação Ambiental e no Turismo de Observação de Baleias, sendo referência global na preservação do meio ambiente marinho, especialmente das baleias jubartes (Megaptera novaeangliae) e dos botos cinza (Sotalia guianensis). Saiba mais: www.baleiajubarte.org.br

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Mata Atlântica, a floresta que nos une" em exposição fotográfica

De 03 a 09 de outubro, São Paulo conhecerá um pouco mais de um dos principais domínios biogeográficos brasileiros, a Mata Atlântica. Retratada em lindas fotos pelo fotógrafo por Adriano Gambarini, a exposição "Mata Atlântica, a floresta que nos une", é composta por imagens registradas durante expedições do WWF-Brasil, ao longo de 15 anos, em diversas regiões que compõem a Mata Atlântica brasileira.


O visitante terá a oportunidade de vivenciar a floresta e também de contribuir para as ações do WWF-Brasil por meio da compra das imagens expostas. A doação será 100% revertida para as ações de conservação da natureza executadas pelo WWF Brasil.

"Quando entro numa floresta, antes da busca pelo animal raro ou pelas árvores entremeadas com uma luz incondicional, me entrego ao que considero o mais importante na vida: o sensorial. Temos que vivenciar a essência em toda sua magnitude, num constante aprendizado. Fotografar e compreender o que vejo é apenas a experimentação dessa busca pelo conhecimento, através das sensações." Adriano Gambarini.


Serviço:


Exposição "Mata Atlântica, a floresta que nos une"

Local: Hotel Intercontinental- Alameda Santos, 1123 - São Paulo / SP

Quando: de 03 a 09 de outubro

Entrada franca.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CI e Museu Emílio Goeldi lançam Prêmio para Escolas

Um convite para ver o mundo como sala de aula e a biodiversidade amazônica como tema a ser descoberto no cotidiano. A proposta já tem alguns anos, mas a cada edição, o Prêmio José Márcio Ayres para Jovens Naturalistas (PJMA) conquista mentes em formação para olhar mais atentamente a natureza na Amazônia. No dia 16 de setembro de 2011, o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) e a Conservação Internacional (CI - Brasil) lançam a 5ª edição do Prêmio Márcio Ayres, que passa a contar com o apoio da Escola de Biodiversidade Amazônica (EBIO), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia.
A partir do lançamento começa a contagem regressiva para que os estudantes do Ensino Fundamental e Médio, de escolas públicas e particulares, realizem trabalhos científicos sobre a fauna e a flora dos municípios paraenses. Serão premiados os três melhores trabalhos em duas categorias - Ensino Fundamental e Ensino Médio. Nesta edição, vencedores receberão como prêmios: notebook (primeiro lugar), máquina fotográfica digital (segundo lugar) e bicicleta (terceiro). Além dos estudantes, também são premiados os professores orientadores (notebook) e as escolas com melhores desempenhos (kit de publicações). A coordenação executiva do Prêmio é formada pela educadora Filomena Secco (MPEG), a jornalista Joice Santos (MPEG/EBIO) e a educadora Maria de Jesus Fonseca (UEPA/EBIO).

A cada edição, o concurso amplia a rede de escolas e alunos contagiados com a ciência e a biodiversidade. Nos anos anteriores, a equipe do Prêmio, em parceria com pesquisadores do Museu Goeldi, percorreram 12 municípios, capacitaram 180 professores e premiaram cerca de 30 estudantes. Até o próximo ano, este número deve aumentar. O PJMA conta com o apoio da Secretaria de Educação do Estado do Pará (SEDUC/PA), e vai buscar o envolvimento das secretarias municipais de Educação, para divulgar o concurso e as atividades promovidas pela equipe direcionada a estudantes e professores.

Filomena Secco ressalta que o Prêmio Márcio Ayres não se limita a inscrição, apuração do resultado e premiação: “Existe todo um processo de mobilização, de atividades educativas, de difusão, que favorece a aproximação entre a ciência e a comunidade escolar”. Segundo Joice Santos, o objetivo do Prêmio é estimular a iniciação científica dentro da escola: “A escola não deve ser apenas um lugar onde se aprende a repetir o que nos dizem ano após ano. A escola é um lugar de acúmulo de conhecimento, de construção desse conhecimento e também de possibilidade de transformação da sociedade”.

Nesta edição, a parceria com a Escola da Biodiversidade Amazônica – EBIO, intensifica a realização de atividades que possibilitam a vivência e a aprendizagem acerca da biodiversidade. “A educação sai de uma perspectiva fechada do ambiente escolar e perpassa a realidade do sujeito”, analisa Maria de Jesus Fonseca, cuja tese de doutorado deu subsídios para a criação do concurso.

Para mostrar a importância da biodiversidade amazônica e instigar o interesse pela ciência entre alunos e professores, uma das estratégias de ação é a realização de atividades educativas e pedagógicas que reúnam a comunidade escolar, a família e os pesquisadores. Até o final do ano, serão realizadas rodadas de palestras, oficinas e trilhas no Museu Goeldi todos os meses com o intuito de promover o diálogo e a reflexão crítica acerca da construção do conhecimento. Além disso, em dezembro, acontecerá a Pororoca da Biodiversidade e a Expofoto da EBIO.

“Vivemos em uma região em que o conhecimento da biodiversidade é muito pequeno ainda. Temos uma vasta campanha pra fazer de descobrimento do que existe nessa floresta que nos envolve”, defende Nilson Gabas Jr, Diretor do Museu Goeldi. A diretora do Programa Amazônia da Conservação Internacional, Patrícia Baião, completa o pensamento de Gabas Jr. explicando que levar a educação ambiental para dentro das escolas é fundamental para a conservação da biodiversidade da região. “É importante os jovens terem consciência do que a Amazônia representa para o Brasil e para o mundo inteiro; quais os serviços prestados, e como eles podem contribuir nesse processo de conservação da natureza, do meio ambiente, das florestas”, afirma Patricia.

PJMA 2.0 – A grande novidade desta edição são os suportes online do Prêmio, onde professores, alunos e familiares podem tirar dúvidas sobre práticas de ensino e consultar os materiais de apoio sobre biodiversidade amazônica. Trata-se de uma forma de divulgar o Prêmio, disseminar o assunto abordado e servir de apoio para as escolas. Para a coordenação do Prêmio, os recursos disponíveis na web permitem compartilhar experiências e estimular a produção coletiva de recursos pedagógicos.

O material multimídia - a produção de conteúdo em áudio, vídeo, texto e foto - será produzido pela equipe do projeto Labcom Móvel – Estudos e Práticas de Comunicação Pública da Amazônia, do Serviço de Comunicação Social do Museu Goeldi. O financiamento do material é do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O conteúdo didático é desenvolvido em parceria com o Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (Necaps), da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e ficará disponível no site do PJMA e nos blogs do Labcom e da EBIO. O Labcom Móvel/MPEG e o Grupo de Sociobiodiversidade do Necaps/UEPA fazem parte da coordenação da Escola da Biodiversidade Amazônica.

A equipe do Móvel será responsável por divulgar, registrar e transmitir as atividades relacionadas ao PJMA, principalmente para as escolas que não puderem acompanhá-las presencialmente. Já o Necaps desenvolverá materiais educativos para dar suporte, à distância, na prática pedagógica. Porém, é importante destacar que os blogs serão espaços de construção mútua, onde todos – alunos, professores, escolas – podem e devem contribuir relatando suas experiências.

Entre as produções para web do Prêmio, estréia no dia 16 de setembro o episódio piloto da websérie “Naturalistas do século XXI”, a primeira do gênero voltado para a divulgação científica. Em nove episódios, a websérie conta a história da premiação e de alguns dos jovens vencedores do concurso.

Inscrições – Os alunos podem se inscrever a partir do dia 16 de setembro de 2011 até o dia 20 de agosto de 2012 no Serviço de Educação do Museu Goeldi, enviando seus estudos através dos Correios. Estudantes do Ensino Fundamental podem fazer pesquisas em equipe (dois membros), já os trabalhos de investigação do Ensino Médio são individuais. Todos os trabalhos devem ser orientados por professores da escola em que os alunos estão matriculados e abordar o tema “biodiversidade amazônica”. A seleção das melhores pesquisas é realizada em duas etapas – seleção dos trabalhos escritos e apresentação oral. O resultado final será anunciado dia 6 de outubro de 2012. Visite o site http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/ e conheça todos os detalhes do Prêmio.

História do PJMA – O PJMA foi lançado em 2003, uma parceria do Museu Goeldi e da Conservação Internacional, como uma estratégia de divulgação científica do projeto Biota Pará. A meta é estimular jovens em idade escolar a pesquisarem e valorizarem a biodiversidade. Em quatro edições, vários estudantes de escolas públicas e particulares foram premiados e trouxeram contribuições para o estudo da biodiversidade amazônica, inclusive novos registros de ocorrência de espécies. Em 2012, será lançado um livro que conta esta trajetória e que terá também formato e-book.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Oficina de Educação Ambiental sobre Biodiversidade resgata consciência pelo Cerrado

Com a presença de cerca de 60 educadores do município de Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano, onde a natureza do Cerrado possui expressiva riqueza natural e integra o Corredor de Biodiversidade Jalapão - Oeste da Bahia, a Oficina de Formação em Educação Ambiental Investigando a Biodiversidade em Sala de Aula obteve importantes impactos na sensilibização local.

A iniciativa da Conservação Internacional, em parceria com o Supereco, com o apoio do Instituto Lina Galvani e da Secretaria de Educação, trouxe de forma dinâmica todo o potencial pedagógico do tema biodiversidade e sociodiversidade, com vivências práticas para a sala de aula que fizeram os participantes refletirem sobre o valor do Cerrado. Principalmente, sobre a importântica da manutenção da biodiversidade e das Áreas de Preservação Permanente (APPs) para a qualidade dos serviços ambientais locais, que vão desde o abastecimento de água, a diversidade de matérias-primas para a produção, até a sustentabilidade do próprio “agronegócio”, principal atividade da região.

“O resgate do pertencimento ao Cerrado, já que a maioria dos educadores vêm de fora, a sensibilização sobre o valor da região junto à reflexão de que a educação ambiental deve ser desenvolvida nas escolas de forma transversal, permanente e contínua, potencializando a nova Politica Estadual de Educação Ambiental da Bahia, foram pilares essenciais da transformação social conquistada na oficina, tornando a biodiversidade um grande guarda-chuva de conexões na escola”, ressalta Andrée de Ridder Vieira, coordenadora geral do Instituto Supereco.

Para a gerente de comunicação da CI, Gabriela Michelotti, “a oficina contribuiu para se desconstruir a imagem negativa da população em relação ao Cerrado. Ao discutir características locais, como a vegetação de árvores retorcidas e a fauna do Cerrado, ensinou que o bioma e a biodiversidade local são ricas e importantes para a sobrevivência de todos os brasileiros”.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Supereco nos Diálogos sobre a Biodiversidade, rumo à Rio+20, defende educação para a conservação

O Instituto Supereco participou, junto com representantes da sociedade civil, nesta útlima segunda e terça-feira (26 e 27/9) da série Diálogos sobre a Biodiversidade, em Brasília. O objetivo do encontro, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente, e entidades parceiras como WWF-Brasil, União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), foi debater a elaboração da estratégia nacional para a conservação da biodiversidade.

Os Diálogos da Biodiversidade são organizados para promover consultas públicas a diferentes setores da sociedade com objetivo de coletar contribuições para a construção de um plano nacional de biodiversidade.
De acordo com Bráulio Dias, secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, o Ministério pretende estabelecer um referencial atualizado para o País trabalhar este tema em seus planos estratégicos.

Ele explica que apenas em 2002 as metas de prevenção e conservação da diversidade biológica começaram a ser estabelecidas. Em 2004, foram definidas 21 metas globais de biodiversidade, mas só a partir de 2006 foram aprovadas, pela primeira vez, um conjunto de metas nacionais.

"Antes de estabelecermos novas estratégias nacionais para 2020, que devem ser baseadas nas Metas de Aichi, decidimos promover esse diálogo. É fundamental a inserção do tema da diversidade biológica no planejamento estratégico de outros segmentos do Governo e da economia", esclarece o secretário.
Dias acredita que o maior desafio agora é conseguir engajar todos os setores da sociedade e Governo na busca pela conservação. As análises das metas nacionais indicam que as causas de degradação da biodiversidade estão ocorrendo nestas esferas.

O MMA pretende concluir esta consulta ainda neste ano para depois consolidar um documento com estas contribuições. A intenção é fazer uma proposta final do que seria uma meta nacional até 2020.

"Nós iniciamos uma discussão com outros ministérios para checar a aceitação do encaminhamento ao Congresso Nacional do que seria a Política Nacional de Biodiversidade, processo semelhante ao que ocorreu com a Política Nacional de Mudanças Climáticas. Queremos transformar isso em um projeto de lei, dando respaldo político a estas consultas", disse Dias.

Estratégia brasileira -  Para Cláudio Maretti, superintendente do WWF-Brasil, o MMA está promovendo a abertura do diálogo com a sociedade. "Estamos neste momento construindo a posição e as estratégias brasileiras, por isso esta discussão com diferentes setores é importante para que as metas sejam incorporadas no cotidiano das empresas, do Governo e de toda a sociedade", afirmou.

"Ainda temos que fazer uma adaptação baseada na biodiversidade em ecossistemas, que contemple as comunidades locais e as metas estabelecidas em Nagoya. A economia verde depende desta biodiversidade que estamos discutindo. A biodiversidade está no nosso dia, é o nosso alimento, é o que interfere também nas mudanças climáticas, no clima que temos em cada região, em produtos que usamos no cotidiano. Não é apenas uma preocupação de ambientalistas", defende.

A jornalista ambiental Liana John também defende a ideia de tornar a biodiversidade brasileira um tema comum para toda a sociedade. Ela acredita que o reconhecimento do valor da diversidade biológica só vai ocorrer quando a população souber que este assunto está presente em nosso dia-a-dia.
"Todas as pessoas precisam entender que a biodiversidade é um patrimônio nacional. Se elas acreditam, por exemplo, que os parques e reservas não são uma extensão de sua casa, que não são propriedade da própria população, então o tema fica distante do interesse das pessoas", reforçou a jornalista.

Metas de Aichi - As chamadas Metas de Aichi - determinadas pela última Convenção da Diversidade Biológica (CDB), realizada em Nagoya, na província de Aichi, no Japão - estabelecem um conjunto de metas agrupadas em temas como a contenção da perda da biodiversidade; ações para reversão dos processos que causam a devastação da mesma em todo o planeta; os problemas ligados ao uso não sustentável de seus elementos; incorporação dos conhecimentos de populações e povos tradicionais e mobilização de recursos financeiros para esta causa. 

Também indicam aos países participantes uma conservação mínima de 17% em áreas continentais e 10% em zonas marinhas de seus territórios

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Campo Grande (MS) cria mosaico de iniciativas pela sustentabilidade

Desdobramentos oriundos das oficinas de educação ambiental “Investigando a Biodiversidade em Sala de Aula” já começam a surgir em diferentes Estados do país. Uma dessas histórias de boas práticas após o contato com a riqueza do mundo natural e suas possibilidades para a educação vem de Campo Grande (MS), onde o WWF-Brasil e o Instituto Supereco realizaram oficina em fevereiro de 2011 para 60 profissionais da rede pública de ensino.


Além de dinâmicas que “aterrizam” no território e revelam o funcionamento das complexas interações existentes no ambiente pantaneiro, foi a atividade “Mosaico da Sustentabilidade”, que permite a reflexão sobre o uso dos recursos naturais pelas atividades humanas, a que tocou mais profundamente os participantes. Com simples hexágonos de papelão reutilizado e algumas sucatas, os professores viram como é possível transmitir nas escolas a importância da sustentabilidade e dos serviços ambientais.

“Aplicamos a mesma metodologia no encontro mensal de formação da rede municipal de ensino, junto a 500 professores. Ficamos encantados com a atividade, pois além de tratar do esgotamento dos recursos, permite pensar nossos próprios problemas, como o lixão do município, e vislumbrar soluções, a exemplo da separação do lixo dentro das escolas”, conta a agente técnica de Ciências da Secretaria Municipal de Educação (SEMED), Cristiane Goudin, formada na oficina de fevereiro.

A multiplicação do conhecimento caiu como uma luva em algumas escolas que são verdadeiros laboratórios a céu aberto. Numa delas, a existência de uma nascente de água dentro da escola tornou-se motivo de valorização do ambiente local e de uma aula ao ar livre. Em outra, professores descobriram a importância de voltar no tempo e descobrir com os alunos como era o ambiente do entorno antes da urbanização.

“Às vezes, o que falta no dia-a-dia das escolas é as pessoas pararem para refletir sobre o espaço em que se encontram. Nesse sentido, o cálculo da pegada ecológica com os professores também fez pensar no como podemos mudar de hábitos, principalmente os de consumo”, expressa Cristiane.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Conservação internacional (CI - Brasil) e Instituto Supereco promovem oficina de educação ambiental no Oeste da Bahia

A Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Instituto Supereco desenvolvem nos próximos dias 27 e 28 de setembro a oficina de sensibilização Investigando a Biodiversidade, voltada a educadores da região do Oeste Baiano.  A iniciativa faz parte do Programa Produzir e Conservar da CI-Brasil, e tem o apoio do Instituto Lina Galvani e da Secretaria de Educação de Luis Eduardo Magalhães. A oficina visa transmitir o potencial pedagógico do tema biodiversidade e sociodiversidade para a aprendizagem no sistema de ensino, reforçando o papel da educação ambiental no desenvolvimento de habilidades e conhecimentos que garantam a conservação do patrimônio natural. Ao todo, serão capacitados 60 educadores do município de Luis Eduardo Magalhães e membros do Parque Fioravanti Galvani, onde a oficina acontece.

“O esforço é parte do trabalho da CI-Brasil de implantação do corredor, que depende da recuperação de áreas degradadas, mas essencialmente do compromisso da população com a conservação, daí a importância de investir em sua formação”, coloca Fernando Ribeiro, coordenador de socioeconomia da CI-Brasil. O conteúdo da oficina é baseado no livro “Investigando a biodiversidade: guia de apoio aos educadores do Brasil”, lançado em 2010 pela Conservação Internacional, WWF-Brasil e Instituto Supereco. O material traduz as complexas relações do mundo natural para informações simples e relacionadas ao nosso cotidiano. “O conteúdo e a metodologia de educação ambiental da oficina permitem que cada um descubra mais sobre seu endereço ecológico e os serviços ambientais que ele oferece, comprometendo-se com a conservação ambiental, a começar pela sala de aula”, afirma Andrée Vieira, coordenadora geral do Instituto Supereco. Veja mais no blog do Investigando a Biodiversidade investigandoabiodiversidade.blogspot.com

A oficina conta com dinâmicas intercaladas à transmissão de conteúdo, que abordam temas como: os processos fundamentais da educação ambiental, a relação entre água e floresta, o Cerrado como hotspot, os serviços ambientais da biodiversidade e casos de sucesso no corredor Jalapão-Oeste da Bahia.

O Cerrado e o Corredor Jalapão-Oeste da Bahia

Savana” mais rica do mundo, com cerca de 5% da biodiversidade do planeta, o Cerrado é um mosaico de campos, savanas, florestas e terras úmidas interligadas e homogêneas. Ocupando grande área do Brasil Central, faz fronteira com Amazônia, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica e, por esse contato, apresenta ecossistemas extremamente ricos e específicos.  São 11 tipos de formações com espécies que só existem ali, incluindo até 11 mil tipos de plantas, 500 espécies de peixes e 850 de aves.
O Cerrado é o berço das águas do país, de onde partem nossos principais rios, como o São Francisco, Tocantins-Araguaia e Paraná-Paraguai. Mas é também um Hotspot, uma das 34 áreas do planeta com os mais altos níveis de biodiversidade, grande endemismo de espécies, e maior grau de ameaça de extinção. O primeiro estudo do desmatamento no Cerrado, realizado na década de 2000, revelou que mais de 50% do bioma já foram desmatados, e seguindo o ritmo da devastação, suas paisagens poderiam ser completamente extintas até 2030.
Com cerca de 3 milhões de hectares, o Corredor de Biodiversidade do Jalapão-Oeste da Bahia, estende-se pela porção Leste do Tocantins, parte do Piauí, Maranhão e Bahia. Desde 2004, a Conservação Internacional trabalha para implementar o corredor nesta região do Cerrado. Além da grande diversidade de ambientes locais, da alta biodiversidade e dos recursos hídricos da Bacia do Araguaia-Tocantins, o Corredor revela beleza paisagística singular e reforça sua vocação para práticas sustentáveis, como o ecoturismo e a pequena agricultura.



Sobre a Conservação Internacional (CI-Brasil)
É uma organização privada, sem fins lucrativos, fundada em 1987, com o objetivo de promover o bem-estar humano fortalecendo a sociedade no cuidado responsável e sustentável para com a natureza – nossa biodiversidade global -, amparada em uma base sólida de ciência, parcerias e experiências de campo. Como uma organização não governamental (ONG) global, a CI atua em mais de 40 países, distribuídos por quatro continentes. Em 1988, iniciou seus primeiros projetos no Brasil e, em 1990, se estabeleceu como uma ONG nacional. Possui escritórios em Belo Horizonte-MG, Belém-PA, Brasília-DF e Rio de Janeiro-RJ, além de unidades avançadas em Campo Grande-MS e Caravelas-BA. Para mais informações sobre os programas da CI no Brasil, visite www.conservacao.org ou siga-nos no twitter @CIBrasil e facebook http://www.facebook.com/pages/Conserva%C3%A7%C3%A3o-Internacional-CI-Brasil/231538486861792


Sobre o Instituto Supereco
É uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada em 1994, para promover a educação ambiental como ferramenta estratégica para a conservação do meio ambiente aliada ao desenvolvimento humano. Desenvolve programas de intervenção de forma socioparticipativa a partir do eixo arte-cultura-comunicação-educação-geração de renda-esporte -meio ambiente, visando formar uma rede de parceiros (escolas, empresas, ONGs, instituições governamentais e comunidades) pela educação voltada à conservação. Definiu, desde 2005, como seu Programa Institucional o “Planejando a nossa Paisagem: Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar”, em áreas da Mata Atlântica, tendo a educação ambiental como estratégia de formação e fortalecimento dos recursos humanos locais, individuais e coletivos, para o planejamento e a sustentabilidade dos corredores de biodiversidade. Informações: www.supereco.org.br
Twitter:  @ superecco





quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Setor privado debate estratégia brasileira para biodiversidade

Líderes empresariais de todo o País que estão na vanguarda das discussões sobre o uso sustentável da biodiversidade se reunirão nos dias 3 e 4 de agosto, em Brasília, para ajudar a definir a estratégia brasileira de biodiversidade.

O encontro faz parte da iniciativa Diálogos sobre Biodiversidade: construindo a estratégia brasileira para 2020, organizada pelo Ministério do Meio Ambiente, União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), WWF-Brasil e Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). O evento conta ainda com o apoio do Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade (MEB), Centro Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O objetivo da iniciativa é elaborar de forma participativa, com diferentes setores da sociedade, a estratégia e o plano de ação que ajudarão a internalizar no País o Plano Estratégico da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) para 2020 aprovado na 10ª Conferência das Partes (COP 10), realizada em Nagoya, no Japão, em Outubro do ano passado.

Entenda o contexto


Após a aprovação pelos países membros da CDB do novo Plano Estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica para o período de 2011 a 2020 na COP 10, o Brasil inicia agora o processo de revisão e atualização da sua estratégia nacional e do plano de ação brasileiro para biodiversidade.

Para isso, o governo - por meio do MMA e das organizações civis - realizará consultas aos diversos setores da sociedade brasileira para ajudar na elaboração de metas nacionais de biodiversidade para 2020. Ao todo, serão cinco reuniões setoriais: setor privado; sociedade civil; governos (estadual, municipal e federal); academia; e povos indígenas e comunidades locais.

Os documentos elaborados nesses encontros serão consolidados e apresentados em uma reunião final com representantes de todos os setores para avaliação e considerações finais. Em seguida, o documento resultante desse processo irá para consulta pública.

O foco empresarial


As 20 metas contempladas no Plano Estratégico da CDB estão subdivididas em cinco objetivos estratégicos que tratam de questões vão desde o estímulo ao desenvolvimento sustentável, a conservação da biodiversidade terrestre e marinha, até o combate aos fatores de pressão aos ecossistemas. Os objetivos abordam ainda questões como o aumento do conhecimento sobre o valor da biodiversidade e a mobilização de recursos financeiros.

As metas globais são bem amplas e a ideia é que os setores da sociedade trabalhem sobre as metas globais e elaborem submetas nacionais que sejam adaptadas à realidade brasileira, seja por setor específico ou por biomas.

As metas que mais afetam ao setor empresarial são as que se relacionam com a incorporação dos custos da biodiversidade nas contas nacionais, a valoração da biodiversidade, a redução da poluição, o pagamento por serviços ambientais, a implementação do protocolo de Nagoya sobre acesso e repartição dos benefícios oriundos do uso da biodiversidade (Protocolo de ABC) e mobilização de recursos financeiros.

Serviço:


Diálogos sobre Biodiversidade
Datas e horários: 3/8 (9h às 18h) e 4/8 (9h às 12h)
Local: Confederação Nacional da Indústria - CNI, Setor Bancário Norte, Qd 1, Bloco C, Brasília-DF

por MMA

Perda de biodiversidade aumenta, mesmo com áreas protegidas

                                  (Imagem:biotabrasil.com.br)

A pesquisa, publicada na revista científica “Marine Ecology Progress Series”, mostra que existem cem mil áreas protegidas no mundo, atualmente, sendo 17 milhões de kmem terra e dois milhões de kmnos oceanos. Mesmo assim, a perda de biodiversidade só aumentou nos últimos anos.
O pesquisador colombiano da Universidade do Havaí, Camilo Mora, confirma que o fato é realmente preocupante. “Estamos investindo em uma grande quantidade de recursos financeiros e humanos na criação de áreas protegidas e infelizmente evidências sugerem que essa não é a solução mais efetiva.”
A pesquisa mostrou também possíveis justificativas, como o fato de que das cem mil áreas protegidas, apenas 5,8% das que estão em terra e 0,08% dos oceanos cumprem as normas necessárias.
Outro problema é o baixo investimento mundial. O correto seria que houvesse investimento de pelo menos US$ 24 bilhões, quando na verdade a despesa é de US$ 6 bilhões anualmente.
O diretor do Instituto de Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade das Nações Unidas - Canadá, Peter Sale, indica alguns problemas no uso de áreas protegidas como forma de preservar a biodiversidade do problema.
Como Sale também faz parte do estudo, ele percebeu que o crescimento previsto das áreas protegidas ainda é muito lento. De acordo com o pesquisador, são necessários 185 anos em terra e 80 anos nos oceanos para que a meta de cobrir 30% dos ecossistemas seja alcançada.
Se por um lado o ritmo de crescimento de áreas protegidas está lento, por outro as ameaças contra a biodiversidade avançam rapidamente. Para piorar, cerca de 90% das áreas (entre oceanos e terra) têm superfície inferior a um quilômetro quadrado.
As áreas protegidas, segundo reportagem da Folha de S. Paulo, impedem efetivamente as ameaças de exploração em massa e a perda de habitat, no entanto são ineficientes contra mudança climática, poluição e espécies invasoras.
As áreas são importantes, por isso é preciso investir mais, tanto financeiramente, já que apenas um quarto do que deveria ser empregado é realmente destinado a esse fim, quanto na expansão das áreas de proteção.  
De acordo com a pesquisa, até o ano de 2050, a situação pode tornar-se “catastrófica”, por isso é fundamental que medidas sejam adotadas para reverter este quadro a fim de equilibrar os ecossistemas e conservar a variedade de vida no planeta. Com informações da Folha.
Fonte: Ciclo Vivo

segunda-feira, 4 de julho de 2011

No ritmo das águas

Uma incrível variedade de seres vivos habita ambientes aquáticos como lagos, rios, oceanos e áreas úmidas, e num único recife de coral podem ser encontradas mais de 3 mil espécies de peixes e invertebrados, como uma floresta tropical dos mares.


No Brasil, a região de Abrolhos abriga a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, e por sua riqueza natural e relação com as comunidades costeiras conta com o primeiro parque marinho do país e ações como a do Projeto Abrolhos, que integra pesquisa, educação e ações sustentáveis.

No universo das águas, os mangues também resguardam valiosas relações, sendo berçários de diversas espécies, responsáveis pelo controle das marés e pela purificação da água. Na fauna do manguezal, destacam-se caranguejos, ostras, mexilhões e outros que se alimentam filtrando a água.

E em nosso país também está a maior planície inundável do planeta, o Pantanal, considerado uma das 37 últimas Grandes Regiões Naturais da Terra, com área total de 210 mil km2 (no Brasil, Bolívia e Paraguai). Além da singular beleza de suas paisagens e o regime anual de inundações, sua importância está na proteção de inúmeras espécies ameaçadas de extinção.

Seguir o ritmo das águas e compreender a importância deste recurso deve ser um compromisso de todos, ainda mais quando sabemos que o Brasil possui cerca de 12% da reserva de água doce do planeta!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

As conexões da teia

As conexões que existem na biodiversidade também ocorrem entre as espécies e indivíduos, e são uma importante parte da biodiversidade. A fascinante relação entre algumas plantas e seus polinizadores revela segredos sobre essa interdependência.


Um exemplo são as orquídeas de diferentes formas e cores que variam de acordo com a espécie que as poliniza: mariposas com longas línguas preferem visitar flores brancas, enquanto beija-flores gostam de cores vibrantes e flores tubulares que acompanham o formato de seu bico.

Já as bromélias são verdadeiros brejos suspensos no ar, pois acumulam água e matéria-orgânica e tornam-se o hábitat de algas, insetos, rãs e sapos.

Aliás, espécies como as castanheiras, da Amazônia, orquídeas e certas abelhas polinizadoras, possuem relações mais íntimas do que imaginamos. Cientistas do Jardim Botânico de Kew, na Inglaterra, descobriram que o macho de uma espécie de abelha busca o perfume de uma orquídea que se fixa nas castanheiras, para sua reprodução. Com o desmatamento, não só as castanheiras correm risco, mas também as orquídeas e, portanto, as abelhas que as polinizam.

Cada espécie desempenha funções específicas para o complexo e delicado equilíbrio de todo o ecossistema! E estamos apenas começando a descobrir suas notáveis interações...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Uma grande teia de vida

Ao longo dos anos fomos educados a simplificar as coisas em categorias, esquecendo que no mundo tudo está interconectado e que a biodiversidade é como uma teia de relações. Assim, os ecossistemas, as espécies e os genes se influenciam constantemente e, se um desses níveis é rompido, os efeitos repercutem em toda a cadeia de relações.


Os muriquis são um bom exemplo dessa interdependência, conforme só são encontrados na Mata Atlântica do Brasil e atuem como dispersores das sementes que se reproduzem em novas árvores. Altamente ameaçados de extinção por causa da caça e da destruição de seu hábitat, os muriquis se encontram hoje isolados em pequenos fragmentos, podendo diminuir de número num futuro próximo. Com o enfraquecimento da espécie pela perda de sua variedade genética, aumentam os riscos de extinção e, consequentemente, a Mata Atlântica como um todo sofrerá mudanças e outras espécies serão afetadas.

É uma de cadeia que precisa funcionar sem interrupções! Felizmente já existem iniciativas para tentar frear a fragmentação, a exemplo da Estação Biológica de Caratinga, transformada recentemente na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Feliciano Miguel Abdala, um local significativo para a proteção do muriqui-do-norte.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A importância dos genes

Menos visíveis do que as espécies e ecossistemas, os genes são essenciais para a manutenção da biodiversidade. A variação genética na natureza é tanta que algumas plantas e animais chegam a ter 400 mil genes, fazendo de cada espécie uma “enciclopédia de informação genética”, com um código de vida único e adaptado às condições de ecossistemas específicos.


Valorizar os genes implica em perceber o mundo ao nosso redor, seja entre os vários tipos de banana no supermercado às diferentes cores de olhos ou de pelagem nos mamíferos. Como as digitais do ser humano, por exemplo, as pintas de uma onça-pintada nunca serão iguais às de outra. Essa exclusividade é resultado da variação genética!

E hoje já sabemos que uma grande variação genética aumenta as chances de sobrevivência das espécies, garantindo que um número suficiente de indivíduos consiga se adaptar às mudanças em seu meio ambiente e, assim, perpetue a espécie. Por isso, geneticistas e biólogos vem tentando manter a variação genética de espécies ameaçadas como a onça-pintada, o lobo-guará ou o jequitibá.

Também ao longo da história, agricultores selecionaram sementes e, consequentemente, seus genes visando aumentar o rendimento da lavoura. Com isso, conseguiram espécies mais resistentes a condições extremas, como secas ou ataques de pragas, comprovando que a maior variabilidade genética aumenta a chance de resistência a pestes ou às mudanças climáticas.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Biodiversidade pede urgência na ações

Paisagens únicas e espécies endêmicas, que só existem num único lugar, fazem parte de áreas especialmente ricas em biodiversidade, que podem estar sob risco de desaparecer. Por isso, cientistas vêm estabelecendo prioridades de onde trabalhar com mais urgência, e conservacionistas da WWF e da Conservation International determinaram até um grupo de 17 países, o G17, que mais concentram a riqueza da biodiversidade mundial. Entre eles, o Brasil possui a maior biodiversidade do mundo, abrigando cerca de 10% a 20% das espécies já conhecidas.


No planeta, também já se conhece uma infinidade de ecossistemas, e mais de 200 também foram identificados como as mais ricas, raras e diferentes áreas naturais da Terra. Quatro dos biomas mais ricos estão aqui: Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia e Pantanal, todos correndo riscos e alguns mantendo muito pouco do que existia inicialmente.

Os Hotspots – Em 1988, o ecólogo inglês Norman Meyers, criou o conceito de Hotspots, ou Áreas críticas, após identificar as regiões que concentravam os mais altos níveis de biodiversidade e onde as ações de conservação seriam mais urgentes. Hotspots possuem, assim, rica biodiversidade, em sua maioria endêmica, e ameaçada em mais alto grau.

No Brasil...

A Mata Atlântica é um dos mais importantes e mais ameaçados hotspots do mundo, com cerca de 7,3% de sua área original, mas tamanha riqueza que somente num único hectare do sul da Bahia foram encontradas 454 espécies de árvores diferentes.

O Cerrado também é considerado hotspot, com fauna e flora extremamente ricas, e além da biodiversidade, tem importante papel na manutenção da água. Mas em função da expansão agrícola tem sofrido enormes impactos.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O que é Biodiversidade

Enquanto você lê este Blog, milhares de seres vivos estão se manifestando no planeta, com um jeito especial e diferente de viver. Falar em biodiversidade significa considerar que cada ser é único e fundamental para o equilíbrio de todos os outros seres vivos. E a riqueza de vida na Terra é tanta que os cientistas não têm condições de saber com exatidão quantos tipos de organismos existem.


Até agora, já foram identificados mais de 1,7 milhões de espécies, entre 300 mil de plantas, 1 milhão de insetos, 25 mil de peixes... e ainda há milhões a serem descobertas, principalmente micro-organismos como bactérias e protozoários, e invertebrados como insetos e moluscos.

Mas a biodiversidade não está limitada só aos seres vivos, estendendo-se à variedade do ambiente em que eles vivem, como as savanas, florestas, recifes de corais e mangues, até a diversidade genética que permite a cada ser manifestar suas particularidades.

Assim, podemos dividir a biodiversidade em três níveis, que em conjunto sustentam as conexões que garantem a vida na Terra:

A diversidade genética: a variação dos genes dentro das espécies que garante sua sobrevivência. Por exmeplo, quando a população de uma espécie fica muito reduzida a um local, os indivíduos começam a cruzar entre si e, enfraquecendo a diversidade genética, podem até desaparecer.

A diversidade de espécies: a variedade de espécies dentro de uma região, ou seja, a riqueza de espécies e sua estreita relação entre si.

A diversidade de ecossistemas: a variedade de áreas que abriga a vida de determinadas espécies e grupos em função de suas características ambientais. Você sabia, por exemplo, que o Brasil está na lista dos países megadiversos, justamente pela variedade de ecossistemas que possui? É como se nosso país fosse uma grande aquarela de múltiplas cores e formas.

E não esqueçamos da sociodiversidade, aquela diversidade cultural da espécie humana, cujas expressões estão refletidas na variedade de crenças, linguagens, práticas de manejo da terra, arte e economia.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O conteúdo que vamos desvendar

A cada capítulo do Investigando a Biodiversidade vamos apresentar um assunto que pode ser colocado em prática nas escolas, trazendo junto várias situações do cenário brasileiro para ilustrar a aprendizagem.


Então fique atento! Neste Blog você vai ler sobre:

O que é a biodiversidade: o conceito, sua importância, e sua intrínseca relação com a teia da vida e com a relação cultural

As conexões da natureza: aproximação da biodiversidade com as nossas vidas, demonstrando como ela está presente em nosso cotidiano.

As ameaças à vida: riscos para a biodiversidade como a alteração no processo natural de extinção das espécies e pressões sobre os ecossistemas.

As alternativas para a conservação: o potencial humano em buscar maneiras de prevenir a degradação ambiental, e as ações individuais e coletivas que surgem como saída.

Além de “ecoideias para se envolver na causa”, “glossário” de termos e “referências bibliográficas” com dicas de fontes para você ir mais além.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Como ler os textos do Guia?

Formadores de opinião essenciais no despertar do interesse em crianças e jovens, os educadores influenciam na mobilização deste público para atuar na solução de problemas na comunidade. Potencializam seu interesse em agir no local onde vivem, ao mesmo tempo em que passam a entender melhor seu espaço local.

Ao reconhecer que os educadores não transmitem simples informações aos educandos, mas constróem conhecimentos no “compartilhar” da aprendizagem, o Guia Investigando a Biodiversidade considera etapas importante neste processo: o despertar da atenção dos alunos de forma sensível e lúdica por meio da sensibilização; a descoberta do conhecimento pela curiosidade de saber mais através da investigação; o desenvolvimento de atitudes com criatividade, transformando o pensamento em ação; praticar a cidadania para efetivar as soluções por meio da mobilização, envolvendo outras pessoas.

Com essa visão, os conteúdos apresentados no Blog podem ser lidos com meios de instigar a investigação e a discussão dos temas ambientais. São indicados para crianças e jovens de 11 a 14 anos, embora as atividades possam ser adaptadas para grupos mais novos ou mais maduros. Apesar da forte inserção no ensino formal, o material também serve de apoio a grupos comunitários atendidos em museus, zoológicos, Unidades de Conservação e programas de educação ambiental no espaço não formal.

Por fim, vale lembrar que o desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas é essencial para a conservação da biodiversidade, podendo ser estimuladas com questionamentos sobre “como e por que fazemos determinadas coisas”, “como podemos fazê-las de maneira diferente” ou “como promover mudanças positivas”.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Por que usar o Guia Investigando a Biodiversidade?

Além do acesso às 133 páginas do Guia Investigando a Biodiversidade, neste Blog será possível tomar contato com o conteúdo resumido do Guia, o qual passamos a publicar semanalmente em linguagem simples e direta como novo estímulo aos educadores.


Mas antes de mergulharmos no conteúdo, vamos desvendar o porquê da realização desse guia e quais os melhores caminhos para o aprendizado de seu conteúdo.

Traduzido da versão americana “Exploring Biodiversity”, o guia brasileiro é um material paradidático adaptado à nossa realidade, com novas informações e curiosidades para que cada comunidade descubra mais sobre seu endereço ecológico. Dos micro-organismos às árvores mais altas, dos seres do fundo dos oceanos aos que vivem nos lugares mais altos da Terra, dos pequenos habitats ao conjunto dos ecossistemas e até às diferentes culturas humanas, a biodiversidade está por todos os cantos!

Por que então, se fazemos parte dessa teia de vida, deixamos de perceber sua conexão com nossa existência? Ligamos uma espécie de “piloto automático” em nossas vidas, com o qual sobrevivemos sem refletir “como”, “de onde” e “do que” sobrevivemos.

Presisamos desenvolver assim, uma cidadania informada e motivada, que entenda o que é e porque a biodiversidade é importante. Pessoas com habilidades e criatividade para enfrentar o desafio de proteger esse patrimônio natural, motivando os outros a fazerem o mesmo. E a educação é com certeza a palavra-mestra nesse objetivo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Investigando a Biodiversidade atinge público de 650 professores e ganha blog




 
Material produzido pela Conservação Internacional (CI), Instituto Supereco e WWF-Brasil comemora um ano na semana do Dia Internacional da Biodiversidade (22 de maio) com lançamento deste Blog 

         Há um ano as ONGs Conservação Internacional (CI), Instituto Supereco e WWF-Brasil lançavam o Guia Investigando a Biodiversidade, uma publicação inédita no Brasil que visa apoiar educadores na sala de aula. Em 134 páginas, traz informações e atividades pedagógicas para auxiliar a inserção da temática biodiversidade na prática educativa.  Desde então, cerca de 650 professores e educadores já passaram por oficinas inspiradas na publicação, em realidades tão diversas como a de São Paulo (SP), Campo Grande (MS), Pacajus (CE), Feira de Santana (BA) ou a pequena cidade de Apiacás (MT).

         Em todos os casos, o principal marco das oficinas está na facilidade com que o tema biodiversidade vem se inserindo no cotidiano de professores e alunos, resultando em boas práticas pedagógicas a serem replicadas nos vários cantos do Brasil. Por esse potencial, as entidades lançam hoje (18 de maio) o Blog da iniciativa.

          “A ideia é formar uma grande rede de educadores do Brasil, interagindo pela biodiversidade e contando suas boas práticas por meio do blog, e inspirando assim mais pesquisadores, educadores e conservacionistas”, expressa a coordenadora do Instituto Supereco, Andrée Vieira. Além da linguagem lúdica e atraente direcionada à sensibilização ambiental, os conteúdos tratam da biodiversidade não só como a variedade de vida na Terra, mas como a dinâmica que ela promove ao nosso redor, permitindo a compreensão das complexas interações existentes entre todas as formas de vida e o nosso cotidiano, como os serviços ambientais que ela oferece.

         Sessenta e um profissionais da rede pública de ensino de Campo Grande (MS) e tutores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul participaram este ano de uma das oficinas do Instituto Supereco, por iniciativa do Programa Pantanal do WWF-Brasil. Após a sensibilização, em atividades como o Mosaico da Sustentabilidade, os professores se mostraram motivados para organizar as aulas a partir de temas transversais como “padrões de consumo” ou “uso sustentável dos recursos naturais”.

         “O maior retorno após as oficinas é ver os professores se sentindo parte integrante da biodiversidade e não simples observadores. Conseguimos ir além da linguagem científica e aterrizar no território, respeitando o cenário de cada bioma e de quem dá a aula. Trata-se de um material transformador, adaptado de forma brilhante pelo Instituto Supereco, CI-Brasil e WWF-Brasil para a realidade brasileira”, expressa Bruno Reis, técnico do Programa Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF-Brasil. Ele já conduziu oficinas em Unidades de Conservação como a Estação Ecológica Águas Emendadas (DF) até oficinas em pequenas cidades como Reserva do Cabaçal, Apiacás e Colniza (todas no Mato Grosso).

         Na visão do diretor de Política Ambiental da CI-Brasil, Paulo Gustavo Prado, será somente por meio do conhecimento sobre a importância social e econômica da biodiversidade que as futuras gerações poderão manter e adequar o Brasil rumo ao desenvolvimento sustentável. “Em um país megadiverso como o nosso, o Guia tem um grande potencial e desafio, que é o de despertar a atenção, o cuidado e a compreensão acerca desse enorme ativo que é a riqueza natural brasileira”.

         O Instituto Supereco também já promoveu oficinas no Colégio Guilherme Dumont Villares, em São Paulo, e junto a 235 educadores do Programa Rigesa de Educação Ambiental. “São conteúdos que permitem a construção do aprendizado de forma vivencial, coletiva e reflexiva”, afirma a coordenadora do Instituto Supereco, Andrée Vieira.

No mês de junho, estão previstas ainda oficinas em municípios do oeste baiano, a serem promovidas pela CI-Brasil.